2.7.06

Manchas eternas

Decisões incorrectas e desejos esquecidos. Posso resumir a vida assim. Não particularmente a minha, mas talvez a de qualquer outro ser humano comum. Com a nossa facilidade em quebrar os princípios que tanto defendemos. Com a nossa capacidade para não sermos quem gostaríamos de ser, apenas por termos cometido erros que podíamos ter evitado. Chega a uma altura na vida, que devemos reflectir no que nos tornamos. Parar para pensar. Olhar para trás e ver onde chegamos. Se somos hoje quem sempre quisemos ser. Se aquilo que chamamos de sonho, algo que sempre acreditamos ser possível, hoje não passa de uma fantasia ignorada, ou apenas uma via que consideramos irreal. Pois qualquer decisão que tomamos, qualquer sonho que perseguimos, será para sempre uma marca na nossa alma. Uma crosta que não conseguimos suportar, e que por nada no mundo a queremos a manchar o nosso corpo. E inconscientes não a deixamos sarar, não damos tempo para que esta acabe por desaparecer. E acabamos por tentar retira-la a força. Apressar o tempo e de algum modo querer que tudo volte ao normal mais rápido que previsto. Que tudo volte a ser como devia ser. Tentamos uma vez, duas, três talvez. E acabamos por ver que nada deve ser apressado. Somos simples tolos que agora ficamos manchados para a eternidade. E os erros que tanto quisemos resolver, são agora uma cicatriz na alma, uma mancha, grande, pequena, perpetua ou que, esperemos, só de passagem.
MJCC (2.07.06) Com cicatrizes a mais...