2.10.06

Depressão Irreal

O amor é supérfluo. A paixão é ilusão. O coração é negro. A vida é um inferno. Viajo para longe. Alto é o monte Olimpo onde sou recebido. Sou negado pelos Deuses. Nego a minha existência. Nego o dia em que me conceberam. Nego o dia que escurece.
Não sou um aparte de uma ciência. Não faço parte do resto do mundo. Sou uma alma errante. Mas duvido que tenha alma. Faço parte daquilo que chamo, lixo. Sou um bocado de poeira que não sabe parar de rastejar. Sou um animal a procura da sombra. Sou um ser sem existência. Sem actividade celular. Sem pulmões a funcionar. Um mal tratado rosto.
Tenho um sonho, onde me estou a rir. Estas lá. Enforcada pelo meu ódio. E eu, apenas, me estou a rir do teu sorriso morto. Cruzo o olhar, com aqueles que me fizeram, odiar a vida, como é. Vejo o idiota, que nasceu deficiente. Vejo o corcunda incompreendido. Sou pássaro flamejante, no meio desta tragédia grega. Apetece-me chorar, mas os animais não choram. Apenas gemem de tristeza. Gemem ansiosos pela liberdade, das correntes de aço.
Passo grande parte da minha vida a dormir. Gosto da ideia que a um lugar onde posso ser feliz. Onde me posso rir da tristeza que é esta minha realidade.
Oiço sons de elucidativos. Que me façam lembrar da verdade. Do rosto que me atormenta. Não me queixo. Não me quero juntar aos queixosos que se lamentam por coisas fúteis e idiotas! Não quero um idiota de um ser humano a comentar-me! Vai para o inferno, ser defeituoso!
Quero pois, o pobre que corre para receber a moeda de um carro já arrumado. Quero a cigana que, traz a sua filha ao peito, para meter pena. Quero o ladrão que, da um aperto de mão depois de me roubar. Quero o político que, promete entrelinhas, um salário gigante pelo meu esforço e suor. Quero o adepto de futebol que, chama nomes nunca antes ouvidos pelo ser humano. Quero as vacas e as prostitutas que, andam por ai, a cobrar mais do que costume. Quero os consumidores de droga a andarem pela rua, de braços abertos para o mundo que tanto os vicia. Quero aquele ser idiota que, existe, e irá para sempre existir, e por muito que tentemos, ele estará sempre lá nojento e odiado.
Quero…Uma vida, sobre-humana. Defeituosa ou não, tanto faz. Apenas sem os defeitos que a minha espécie carrega. Sem os sorrisos desprezados. Sem a tristeza de ilusão!
MJCC (02.10.06) Voz aguda a ecoar na minha mente.