5.12.06

História concluída

Pensei em escrever-te uma carta. Com nome, sentido, e assinatura. Lá escreveria sobre a minha vida, as minhas conquistas e as minhas derrotas. Falaria de como estou, do que sinto e como estarei. Na carta gostaria que me pudesses responder as perguntas no último paragrafo. Como estás? Que tens feito? És feliz? Acabo a minha carta com uma despedida, e um forte sentimento de saudade. Contudo, agora que guardo a carta no envelope, falta-me algo. Não sei onde moras, nem o teu nome, nem como és. Bloqueio. Como se me tivessem trespassado. Fiquei destroçado. Sei para quem gostaria de enviar a carta, “Para ela” aquela que me faria de mim alguém novo. Sem os defeitos e características que eu tenho. Sem o sentimento destroçado, ou falta de sentido. Escrevo a carta para quem me fará alguém. Escrevo a carta para quem ainda tem esperança em mim e não se arrepende de continuar a acreditar que serei alguém. Não escrevo para quem me ama. Mas quem pensou nunca me amar. Escrevo a carta para quem tiver tempo de a ler. Escrevo as minhas memórias num papel e mando-as ao mar numa garrafa. Talvez alguém as leia um dia. Possivelmente um pescador as apanhe, um que não saiba ler, e as mande de volta ao mar. Sabendo que é ai o seu lugar. Sem rumo nem corrente. Gigante e infinito mar, mar de memorias, recordações e sonhos a já muito perdidos. Gostaria de algum te escrever. Não tenho a tua morada, nem sei em que país vives. Não sei como estás. Não sei como vais ficar. Não sei com quem tas, ou se alguém te magoou. Não sei se precisas de chorar ou de sorrir. Não sei se precisas que te abrace ou apenas que te acompanhe. Nessa tua caminha, de ida para o teu mundo, imenso e diferente. Não sei quem és. Mas sei que gostaria de te ver. De te tocar, de saber que existes. Não será agora, nem daqui a cinco meses. Mas quando ambos estivermos prontos para nos ver.

MJCC (05.12.06) Eu e a minha procura do reflexo ideal.